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A botica

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21
Out21

Heroína

Muitas de nós temos "aquela" mulher na família: a matriarca. Inteligente, resiliente, cheia de fibra e ao mesmo tempo de doçura. Capaz de dar abraços que confortam e autênticas palestras apenas com um olhar.

Eu tinha, a minha avó materna. E sim, estas mulheres são inspiradoras, mas as verdadeiras heroínas da nossa história somos nós.

Vivi 2020 a tentar compreender-me melhor, a escutar-me mais, e percebi que a profunda insatisfação com alguns aspetos da minha vida só tinha uma solução: eu própria.

A lamúria constante, as noites mal dormidas e a indignação em relação aos outros de nada me serviam. Mesmo os desabafos com quem me rodeava eram perigosos: sentia-me ouvida, aproveitava para me compreender melhor, organizar a mente, mas, na verdade, faltava a ação. Sim. Mesmo as pessoas como eu, que não têm dificuldade em falar dos seus sentimentos e emoções (e que por vezes, em erro, lhes tomam gosto), correm este risco, de se deixarem constantemente alimentar pela negatividade em que estão a viver e de não a conseguirem contornar.

Decidi que o momento de quebrar esse ciclo tinha chegado. Devia recusar-me a viver nesse estado e arregaçar as mangas. Tinha de ousar contrariar a minha própria mente, tantas vezes traiçoeira! Precisava urgentemente de decidir sobre mim, para mim e por mim. Ser eu a procurar a felicidade, sem esperar que ela se decidisse a vir ter comigo.

Fazer um curso de inteligência emocional; ler livros sobre questões da mente; escutar os mais velhos da minha família, sem os preocupar com os meus problemas (aprendi mais do que imaginava); ser ouvida por psicólogos, especialistas em terapia transformacional rápida e por um coach; abraçar-me a mim mesma; criar um mantra pessoal; pintar livros para crianças; mudar de trabalho; treinar com um grande amigo PT (que me lavou a alma, tantas vezes sem saber); fazer caminhadas pela cidade encantada que é Lisboa; deitar-me nos jardins; ouvir mais a música de que gosto, ignorando os gostos alheios; fazer mais programas com o amigo mais bem disposto de sempre e estar mais com as minhas amigas, foram algumas das minhas escolhas nesse percurso.

Continuei a desabafar, mas sem permitir que o desabafo consumisse tudo à sua volta. Não queria ser mais vítima de mim própria, nem arrastar sempre os outros para o meu buraco escuro, porque percebi que, se assim não fosse, todos os meus dias seriam vividos no mesmo estado de apatia e de preocupação, incluindo aqueles que eram agendados com um único propósito, o da diversão.

Quando me obriguei a tudo isto, descobri tantas novas características que desconhecia. Foi a confirmação de que a heroína da minha história sou mesmo eu, apesar de muito do que fiz ser inspirado na "minhas" matriarcas.

Despertem a heroína que há em vocês 💛

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